segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Zumbizera

Sabe, eu mesmo nunca acreditei nessas coisas, adoro jogos, filmes, séries. Funciona mais ou menos assim com dragões, orcs, trolls, goblins, elfos e outros mais que tem em qualquer história que seja muito boa mesmo. Mas nessa questão de zumbis, nunca nem pensaria na possibilidade. Brincar, ir na passeata de zumbis, quando tem, e essas coisas, eu acho legal. Mas realmente pensar que isso poderia existir? Foi nessa historia que vou lhes contar, que eu resolvi andar todos os dias com uma roupa agradável, que me permitisse agilidade, e que eu usaria pelo resto da vida sem me importar muito. Afinal, vai saber quando você vai conseguir trocá-la.

Num domingo, como outro qualquer, morto por si mesmo, eu acordo na casa de um amigo. E a gente começa a passar algumas letras da nossa banda, e ficar nas redes sociais ao mesmo tempo. Até que meu tio passou por lá, por ser caminho, e me levou pra casa, para almoçar. Cheguei em casa, almocei, vi ao jogo, e fui pra sala, jogar o que? Um jogo de zumbi. A noite passada, eu lembro, tinha jogado até altas horas com meus amigos, na casa de um outro amigo. Confuso, mas é simples. Bem, depois de jogar um pouco, já havia escurecido. Meus avós foram a casa de uma tia, e minha mãe os acompanhou com seu namorado. Passou na sala, pra dar tchau, e dizer que estava sem as chaves, e foi embora.
Nesse exato momento, parei de jogar, e comecei a conversar com meus amigos pelas redes sociais, como sempre. Me senti apertado e fui ao troninho. Fechei a porta, e comecei a ouvir aquele silencio de casa. Quando terminei, que abri a porta do banheiro, comecei a ouvir alguém bater na porta da cozinha, num tempo médio de 6 segundos. “toc, toc,toc,toc,toc...”. Pensei ser a minha mãe, estava tudo fechado, e ela tinha avisado que estava sem as chaves. Gritei avisando que já ia abrir. Mas ela não parou de bater. Tudo bem, deve querer ir ao banheiro também, não sei. Abri a porta.

Não sei se você que estiver lendo isso saiba pelo que passei, ou mesmo que acredite na história, ou mesmo em parte dela. Mas naquele momento, desejei que fosse apenas um jogo. Não sei como descrever, nunca o tinha visto antes. Ninguém que eu conheça, seu rosto rasgado não me era familiar. Mas de onde ele tinha vindo? Como assim existe? Pensei que fosse alguém brincando comigo, e falei que a maquiagem estava muito boa. Mas eu consegui ver, por um buraco da boca, o outro lado. Não era possível isso. Ele veio devagar pra cima de mim, passo a passo como se não me visse ou sei lá. Fui indo de costas, apavorado, sem saber pra onde ir, e colocando as cadeiras da cozinha na frente dele. Ele tropeçava em todas, mas continuava. Como se ele me seguisse pelo cheiro, e só. Com espasmos musculares que permitiam a ele mover-se como se estivesse vivo. Pensei em parar, e bater nele. Mas não acreditava ainda. Não era possível.

Estava sozinho, não sabia o que fazer, pra onde ir, não tinha arma, já me via no corredor que entra para os quartos, longe de qualquer outra coisa que poderia pará-lo. E agora? Pela minha experiência em jogos, pensei comigo - devo acertar sua cabeça e assim ele morre de vez. - Eu nunca matei ninguém. E ai? O que fazer? Tentando pensar rápido, mas sem saber em que? Travei!

Ele se aproximou mais ainda, e eu fiquei ali, vendo ele chegar. Entrei então para o quarto da minha mãe, uma suíte com sacada. Pensei – com o vento soprando contra ele, ele vai sentir o cheiro da minha roupa, pensar que sou eu, e assim, quando ele estiver na sacada, eu o tranco lá e depois penso no que fazer. – o plano era perfeito, tentei colocá-lo em prática. Fui até a sacada, abri a porta, veio o vento, tirei a roupa bem rápido, e voltei pra traz da cortina, esperando ele passar. Ele então foi devagar, e quando estava quase saindo, virou seus olhos pra mim. Não era todo amarelo, nem preto. Eram olhos normais, castanhos escuros, apenas um cara morto, que andava, mas que eu não estava muito afim de descobrir se mordia ou não. Antes dele chegar na sacada, eu fechei a porta empurrando-o para fora, e como era de vidro, pude vê-lo indo em direção a minha roupa. Fiquei feliz por não ter tomado banho aquele dia. As roupas estavam com meu cheiro e bem forte.

Ele então pegou minhas roupas e começou a cheirar, e cheirar. Lembrei então, que se fosse um holocausto zumbi, era melhor manter a porta fechada e me preparar. Corri para a cozinha, para fechar a porta, e pegar uma faca para tentar matar aquele que esta na sacada. Mas quando voltei para a sacada, ele não estava mais lá. Não era possível. Eu estava totalmente nu em casa, com uma faca na mão, tremendo de medo e sem saber exatamente o que fazer, e ele não estava lá! Fui para o meu quarto, por uma roupa pra guerra. Liguei para meus amigos e lhes contei o que aconteceu. Eles disseram pra ficar de boa, que era só minha imaginação. Hã! Imaginação?

Hoje fazem 13 dias que estou dentro de casa, comendo o resto dos miojos que tinham em casa, minha mãe ainda não chegou, e dos meus amigos, apenas três atendem o celular. Combinamos de nos encontrar. E estou deixando esse fato relatado aqui, para que se alguém a encontre, saiba o que aconteceu comigo. Vou nessa, e espero me manter vivo. Boa sorte.

Bruno Rondina

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